Escola Municipal Olímpica Carioca GEO Juan Samaranch mostra resiliência e permanece no top 3
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Primeira instituição da rede pública a ser campeã geral do Inter — e única até hoje —, a Escola Municipal Olímpica Carioca GEO Juan Saramanch, de Santa Teresa, abriu suas portas nesta terça-feira (7/12) para receber o troféu de terceiro colocado da 39ª edição dos Jogos. O sentimento era de muita alegria, mas também de alívio após a quarta colocação no Intersolidário ter tirado o colégio do pódio depois de muito tempo. A diretora geral Carla Xavier recebeu o troféu das mãos de Sergio Freitas, coordenador técnico do Intercolegial, ao som da música "Festa", na voz de Ivete Sangalo, numa sala da escola, onde o orgulho transbordava de todos os presentes, fossem alunos, professores, coordenadores ou diretores.

As complicações para treinar e de competir em tempos tão difíceis, com treinamentos bastante limitados em razão da pandemia foram lembrados pela diretora. Em seu discurso, Carla enalteceu o empenho dos atletas antes mesmo da volta das aulas, com uma preparação orientada de forma remota.

— Os professores passavam os exercícios e vocês treinavam em casa, improvisando no espaço que vocês tinham. Essa é uma conquista de vocês e das famílias de vocês também. A gente não conseguiria nada disso senão fosse a força que a gente tem aqui na escola. De vocês, das famílias, dos professores e dos treinadores e do suporte que a gente tem. Esta estrutura da escola que nos ajuda bastante. Estão todos de parabéns, muitos vão nos deixar neste ano, mas foi um ano de grandes conquistas. Vou sentir muita saudade do nono ano e dessa galera que está partindo, mas vocês vão vir aqui ajudar os nossos treinadores e mostrar que tudo é possível. Mesmo nos momentos mais difíceis, é possível quando se tem perseverança — garante a diretora.

Chegar a grandes conquistas não é fácil para ninguém. Para escolas públicas, no entanto, os obstáculos são maiores ainda, mesmo para a Juan Samaranch, criada na época da Rio 2016, com uma grande estrutura voltada para aliar esporte e educação. Os trabalhos dos alunos expostos nos corredores, assim como as frases "+ educação - racismo", "não há cura para o que não é doença", "a culpa nunca é da vítima", entre outras, o cardápio com todas as refeições do dia e as quadras de esportes cheias demonstram o acerto do projeto. A resiliência estava estampada nas paredes do colégio e na camisa da coordenadora Thainá Pinnola, com as palavras, em inglês, Empowered (Empoderada), Determined (Determinada), Unstoppable (Imparável), Woman (Mulher).

— Proposital (usar a camisa). Reproduzir o discurso cada vez mais de que a igualdade, a equidade precisam existir no espaço público, consegue trazer este pensamento para as classes que geralmente não têm acesso a esta informação. Então, geralmente as crianças leem, perguntam e desta forma começa o assunto sobre empoderamento feminino, sobre a força da mulher, que move nossos espaços, sobretudo o que a gente precisa fazer de mais esforço para conseguir chegar no mesmo lugar dos homens. Isso não pode existir. A gente precisa cada vez mais lutar pelos nossos direitos e usufruir deles como todos os seres humanos — afirma Thainá.

Durante a disputa das modalidades, é comum descobrir atletas do ensino médio de escolas particulares que cursaram o fundamental não só na Juan Samaranch, mas em outras escolas do projeto original, chamado Ginásio Experimental Olímpico (GEO), como a Doutor Sócrates, de Guaratiba, a Félix Venerando, do Caju, a Nelson Prudêncio, da Ilha do Governador, e a Nicarágua, de Realengo. Thainá explica um pouco do processo de continuidade da Samaranch após os alunos cursarem o nono ano e deixarem a escola.

— A gente busca sempre direcionar os alunos que se formaram no Samaranch para escolas que tenham projetos esportivos para que eles continuem praticando esportes. Tentamos bolsas de estudos para que eles tenham uma educação de qualidade e que sejam cidadãos conscientes de seus atos. A gente sabe que nem todos vão ser atletas, mas eles vão ter dentro de si o espírito de um atleta, vão ser determinados, terão disciplina na escola, na vida deles. Vão cursar educação física, alguma coisa voltada para a área da saúde, mas que eles tenham sucesso em suas vidas através do que eles aprenderam aqui — conclui a coordenadora.

FOTOS: Ari Gomes




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